sexta-feira, 16 de maio de 2008

Agradecimento


À Susana porque sabe o que é Liubliana com
o ninguém, à Teresa porque protagonizou alguns do meus melhores vídeos, à Tânia, à Ana Paiva por me ser simétrica, à Mariana pelos moscatéis, fados e desafios partilhados e à Martinha por termos crescido juntas e não sentir necessidade de acrescentar algo mais...


Ao camarada Miguel pelas mútuas boleias, ao David por ter provocado a mais genial
gargalhada colectiva naquele “teste” de televisão, à Joana Viana pelas Vogue´s e conversas com o Sheik, à pequena Eliana e à grande Eliana...


À Amiga Sofia, à Sandra pelos momentos de stress académico, à Cátia, à Maria por ter
aquele dom e à Daniela Oliveira e à Joana Duarte por serem as moças mais fáceis de maquilhar...


Ao André pelo carisma, à Joana Fernandes pela força, à Joana Santos pelos copos
partilhados, à Inês pela liberdade e pelos saltos altos e ao Alexandre pela genuinidade...


Ao Catalão por me repreender quando não trajo à quinta-feira, à ramboieira Joana
Dias por trazer o cheiro da gente da sua terra, à Nádia pelas doces sardas e a ambas por nos receberam naquele que será o sítio de muitas memórias...


Ao Marco porque
porque... porque nos deixa sem palavras em momentos de festa, de conhecimento e agradecimento, à Daniela por ser a mais doce bailarina do meu imaginário, à Tatiana bombadíssima pela voz, pelos cafés, pelos momentos e por isso mesmo, e ao Pedro porque sabe voar e nós não!


Um sincero Obrigada.


O tempo foge-nos agora. Parece que foi ontem. Muitos não passaram de colegas, outros tornaram-se amigos, outros irmãos. A partir daqui tudo pode acontecer. Uns vão chegar lá. Tenho a certeza. Vão atingir o sonho. E vou sentir um enorme orgulho quando vir isso acontecer. Outros não. Outros vão seguir outros rumos conforme a corrente do rio. Se calhar não volto a ver muitos de vocês tão cedo. Gostava de estar em Lisboa amanhã. Amanhã, o dia que para muitos é de fim, para outros o início. Gostava de estar com vocês. Que houvesse uma sessão de sangria no FunPoint e depois mais uma risonha noitada de karaoke no Parque das Nações... Daquelas coisas que só faço com vocês.


Somos especiais, diferentes, antagónicos por vezes. Cruéis também. O Mundo
ensina-nos a ser assim. Mas somos especiais, cada um à sua maneira e sabemos disso. Deixemos então que o sonho comande a vida.


Agora, que fiquem aqui alguns momentos registados da melhor turma de Jornalismo
que Portugal alguma vez viu, porque a vida de estudante não volta. Simplesmente porque sim. E David, posso usar o teu desenho? Já usei! Uops! Eheheh... Está tão genial que tem ser partilhado... =) embora não se veja nós sabemos...




















































































































































































Um beijinho em cada bochecha e muita sorte*

sábado, 10 de maio de 2008

6 dias de muito... THE BALCAN TOUR, Maio 2008, Parte 1

Pois é meus caros, mais uns km de Caminho na última semana. Spring Break em Liubliana, ou seja, tempo para viajar! Destino Bósnia Herzegovina e Croácia. The Balcan Tour com 50 alunos Erasmus. 6 noites. Ursha, Marin, Dany e Erwin eram a companhia do SOU e os pontos de paragem foram: Sarajevo, Mostar, Dubrovnik, Ilha de Lokrum, Split e o Parque Nacional dos lagos de Plitvice na Croácia.












Saímos de Liubliana preparados para uma noite de autocarro até Sarajevo, 8 horinhas faz-se bem... Passamos a fronteira para a Bósnia Herzegovina já quase de manhã. Não consigo dormir. A paisagem altera cruelmente. Estradas de aldeia, esburacadíssimas, casas destruídas, massacradas com marcas de balas, miúdos a ir a pé para a escola no trilho ao lado da estrada, terrenos abandonados, lixo... Em cada 30 casas, 15 estão semi-reconstruídas só com tijolo nas paredes e tábuas de madeira nas janelas, 10 apenas em esqueleto e 5 novas... Em cada canto vêm-se cemitérios improvisados. Meia dúzia de altas pedra brancas entaladas nos montes, marcas de uma guerra que acabou há pouco mais de 10 anos.

Chegamos a Sarajevo 5 horas mais tarde do que era suposto. Claro, não só devido aos caminhos e às setas quase em russo, mas porque o motorista nos perdeu, que bom! Acabaram por ser 15 horas de viagem com paragens insuficientes em estações de gasolina perdidas algures... Chegamos, pousamos as tralhas no hotel e apanhamos o velho eléctrico (o primeiro da Europa) para o centro.

Sarajevo dói. É rude. Feia. Desmontada. Desordenada, com edifícios completamente destruídos ao lado de grandes hotéis com restaurantes giratórios e multinacionais. Como eles dizem, “a cidade olímpica em 1984 que esteve sob cerco entre 1992 e 1995”. O cerco a uma cidade capital mais longo da história militar moderna. Mais de 10 000 mortos. Vê-se o esforço demorado para a reconstrução. Os carros são velhos, fazem imenso barulho e transgressões dignas de qualquer xunning odivelense. Sarajevo fica num vale, com um rio. As colinas à volta parecem favelas. São favelas aliás... Passeamos pelo centro ao fim da tarde. Nunca vi tanta mistura de tantas coisas num só sítio, todo o tipo de pessoas, de todas as cores e crenças. Ao lado da igreja está uma mesquita e depois outra mesquita atrás de uma sinagoga e de um cemitério cristão... Depois um outro cemitério, desta vez muçulmano, mais a frente... Na rua ciganos, crianças, mulheres seguem-te para te pedir dinheiro. Andam descalços. Sujos. Pobreza desconhecida da nossa realidade de país desenvolvido... Ficamos na cidade até anoitecer. Ouvimos os cânticos da oração islâmica do pôr-do-sol quando um rapaz da minha idade chega atrasado à mesquita, descalça-se, lava os pés, coloca o “chapéu” (peço desculpa por não usar o termo correcto) e entra. Deixamo-nos ficar mais uma horinha num café, pois mais 30 minutos naquele eléctrico nos esperam, “volta 50, estás perdoado!”

Uma cidade assim não me assusta, dói-me. Faz-me dar valor ao cantinho sossegado da Europa, onde nem a geração dos meus avós viveu com guerra no seu território. Vontade de ficar, de ver, de conversar com as pessoas, ter tempo. Impossível agora, também ninguém fala inglês... Voltar a Sarajevo - projecto a médio prazo. Com tempo, muito tempo.













































































































Manhã seguinte, depois de um merecido descanso, seguimos para comemorar o 1ºMaio na montanha! Tanto nós como tantas famílias que rumam serra acima. Piquenique ao sol! Passamos o dia a comer, beber cerveja Sararjevsko, com jogos tradicionais (organizados pelos novos amiguinhos do país basco) e muita converseta. Não se esqueçam desta palavra: cevapcici, lê-se tchevaptchitchi... Carne em forma de pequena salsicha que se come num pão tipo pita shoarma delicioso com molho e (eles comem) com muita cebola. Ou então carneiro assado na brasa, que estava a ser feito quando chegámos. Mais tradicional, impossível. Descemos da serra, já os nossos camaradas do SOU cantavam música cigana da sérvia alegremente. Influência de Kusturica, tornou-se a banda sonora da viagem, nome: Fanfare Ciocarlia. Num tour de autocarro por Sarajevo percebemos que o Dany e o Erwin são bósnios, e o Marin é croata. Com o álcool as emoções sobem mais depressa e cada edifício relatado por eles ganha outra realidade: “Aqui um monumento ao General Tito, eeeehhhh!!! Ali um hotel construído depois da guerra, com o restaurante giratório, não vão lá que pagam muito e não comem nada, War Profiters, capitalistas, uuuuhhh!!!” Sarajevo relatado na 1ª pessoa, real, depropositado e assim, delicioso.

À noite o cansaço chama por alguns, mas a maioria segue para encontrar sítio onde curtir. Paramos primeiro no Tito´s bar, no qual o segurança não nos queria deixar entrar. Éramos muitos, se calhar metíamos medo e podíamos provocar distúrbios, a única explicação possível, já que questionado o senhor não falava. Lá entrámos. Bar repleto de imagens do General Tito e referências à ex-república da Jugoslávia, onde imagens do Che e de Fidel Castro decoram as paredes vermelhas. À porta duas réplicas em tamanho real de tanques de guerra fazem as delícias para a fotografia de alguns. Seguimos para o centro e descobrimos um bar universitário. Genial, música ocidental, claro, mas do nada começa um concerto amplamente aplaudido. Vim a perceber mais tarde porquê. Eram maioritariamente covers de músicas antigas da Jugoslávia já que todos os do SOU cantavam alegremente e os Erasmus limitavam-se a dançar. Risada, copos, amigos, segurança e tolerância são as palavras para descrever tal local. Um noite muito boa.







































Dia seguinte, antes da partida para a Croácia, ainda em Sarajevo, vamos visitar O Tunel. Uma casa particular que agora está gradualmente a ser transformada em museu, onde foi construído um túnel que ligava a cidade ao exterior durante o cerco. 6 meses de contrução para passar para uma área segura, já que a outra saída da cidade era o aeroporto e estava controlado pelas Nações Unidas, que não eram assim tão imparciais... Alí passava tudo: ajuda humanitária, medicamentos, comida, água, comunicações, homens, mulheres, crianças... “O Tunel salvou a cidade.” A ligação tinha 800 metros (hoje já parte desabou) e, à saida, era preciso correr por um enorme campo aberto até conseguir abrigo. Aí muitos foram mortos. Na sala da exposição vemos objectos, armaduras e fotografias dos aconteciementos. Um filme com um apanhado de imagens captadas na altura, um relato na 1ª pessoa do filho do dono da casa, e alguns crueís esclarecimentos depois (como pessoas que ainda têm vestígios de minas e granadas dentro do corpo porque é mais perigoso tirá-las...), seguimos o nosso caminho...










































É tempo de deixar Sarajevo e seguir em direcção à Croácia. Perto da hora de almoço, e antes da fronteria, paramos na vila de Mostar onde tudo agora é diferente!! Vila de influência românica e sérvia, quase arábica. A ponte, o rio, o chão de pedra mármore branca. As lojas de souvenirs multiplicam-se com encharpes, pulseiras, chinelos e todo o tipo de artigos mais orientais. Os preços aumentaram, o número de turistas também. Já estamos muito perto da Croácia. Mostar é lindíssimo, a grande ponte foi reconstruída depois da guerra e os arredores são acolhedores onde se encontram restaurantes e esplandas agradáveis... Esplanadas!! Sim, sim, em Mostar já faziam uns, agora, agressivos 27º!! Chinelos, que alegria!!

Três horas e um almoço depois temos de seguir caminho, Dubrovnik nos espera! E Mostar aguarda outra visita com certeza...










































6 dias de muito... THE BALCAN TOUR, Maio 2008, Parte 2

Chegados à costa da Croácia a primeira visão foi o mar!! Mar Adriático, azuuull com ilhas em todo o lado. Não é fácil ver a linha do horizonte, há sempre ilhas... Depois de nos livrarmos das mochilas no hostel que ficava a 20 minutos a pé do centro seguimos, já de noite, para a cidade. Logo aí a primeira impressão foi: LINDO!! Ruas de mármore, uma baía lindíssima com imensos barcos, desde iates a pequenos botes coloridos de pescadores, a ilha de Lokrum à frente, igrejas, ruelas, esplanadas e a muralha que rodeia todo o núcleo antigo da cidade extremamente bem restaurado. Depois de um passeio calminho com cheiro a mar, eu e a Bea resolvemos jantar qualquer coisa marítima de não seja atum: impossível em Liubliana! Delicioso. Salada marítima com ameijoas, delícias do mar, gambas e berbigão, e lulas no forno com batata assada... É preciso dizer mais alguma coisa?? Umas cervejas noite fora na esplanada mais aconchegada do vento e regresso ao hostel. O dia seguinte foi memorável! Saímos de manhã para a visita à cidade com uma guia. Biquíni, a minha saia branca, chinelos, top e pouco mais! 30º! O Sol faz as pessoas mais felizes. Cidade não balcânica. Mediterrânica. Mistura de pormenores que lembram Espanha com uma enorme influência italiana. Sinto-me quase no meu habitat! Corremos tudo em algumas horas, percorremos a muralha toda, subimos à torre, muitas fotografias, uma paisagem genial, muito sol, protector e um pequeno escaldão em forma de top! Rapidamente se passa e não se sente o quanto de andou. Tempo agora de apanhar o barco e seguir rumo à ilha...
























































O meu lugar estava marcado, as pernas doíam como raramente mas, no barco, a popa era minha!! =) À chegada fazemos uma pequena paragem para almoçar e, qual não foi a surpresa da sobremesa: gelados Olá!, um cornetto para mim! Daí seguimos para um lago de água salgada mesmo ao lado. O mar ainda está muito frio, dizem. Vamos tentar aqui... E foi aí, com sol e alguns embaraços devido à brancura de inverno, que pude mergulhar no Adriático! Doem os olhos do sal que é muito mais forte, os ossos reagem ao frio da água. Estava fria, sim, muito. E então? Não há nada que se compare a este prazer...Não tenho palavras para descrever e tão pouco são necessárias. Uns demoravam, outros entravam de repente, uns levavam os chinelos não fosse haver algum Adamastor escondido nas pedras (ou seria um porco-espinho daqueles que se passeam pela ilha?), outros saltavam do ponto mais alto (uns 5metros...), fazendo subir os níveis de adrenalina, até mesmo do público presente. Devia ter feito o mesmo, agora arrependo-me... Uma tarde única e um sorriso no rosto de todos! Seguimos de novo no barco para a cidade. Umas comprinhas, ida ao hostel, e saída de novo com direcção à mesma esplanada da noite anterior onde a moça tinha gostado de nós e nós dela, graças às bebidas gratuitas no fim da noite...




































Mais uma noite, mais uma manhã, mais umas horas dentro de um autocarro... Chegada a Split ainda cedo. Primeira impressão: “Mas estamos em Cascais?” Já a guia dizia que a paisagem é tipicamente mediterrânica. Um longo calçadão de mármore com altas palmeiras, embarcações para todos os gostos, sim cruzeiros incluídos, gente a passear e gelados em todas as mãos. Split é a 2ª maior cidade da Croácia. Aqui, no ano 293 d.c. o imperador romano Diocletian construiu o seu imenso palácio de portas para o mar que ainda hoje é o centro da cidade. Entretanto já muito mudou, e o calçadão foi construído em cima da linha do mar à frente do monumento. Do palácio sobram muitas paredes, a igreja interior construída no Renascimento, e casas que gradualmente povoaram os arredores e o seu interior onde ainda vivem pessoas. Depois da visita com a guia-de-discurso-decorado-para-idosos tivemos o nosso tempo livre para jantar (calamares frescas!!) passear, conversar e beber mais umas cervejas na esplanada mais perto da água que conseguimos. É a última noite, já todos nós nos conhecemos e partilhamos histórias e momentos. Os grupos estão formados mas nunca fechados em Erasmus. Acabo a noite numa conversa sócio-político-cultural num grupo com o pessoal do SOU, ou seja, eslovenos, croatas e bósnios, os amiguinhos do país basco mais um espanhol e outro português. Não consigo fugir, sul da Europa, cabelos pretos, entendemo-nos!! =)














































Segunda-feira, dia 5 de Maio, último dia da grandiosa Balcan Tour. Mais umas horas de autocarro. Já não há conversa, já não há posição, já não há música que resista, resta aguardar... Contudo ainda não era Liubliana que nos esperava, mas sim o Parque Nacional do lagos de Plitvice, ainda na Croácia. As fotografias já vistas anteriormente deixavam adivinhar um pequeno paraíso pintado de azul e verde. Considerado património mundial pela Unesco, as infraestruturas do parque não são mais que trilhos de madeira com 4 percursos (maiores ou menores) à escolha, caixotes do lixo de madeira em cada canto, lentos barcos para não mais de 50 pessoas, e uma pequena estrada que, através de uma espécie de autocarro, apanha as pessoas no fim do seu percurso e as leva ao ponto de partida. Preço:cerca de 3€. Compensação:indescritível! À chegada uma enorme cascata com uns 30metros, diria eu... Começamos a descer até ao nível da água, passamos por cima de um lago, seguimos caminho, mais cascatas, outra ponte, outro lado, mais árvores, mais verdes, outro lago, mais azul, uma ponte, dois caminhos à escolha, outra árvore que gentilmente toca na água, fria, transparente, os salpicos, o som, os peixes, muitos, pequenos, grandes, passadeiras de madeira que respeitam o contexto, caminhada, ritmo, silêncio sff... Chegamos ao lago maior, um barco leva-nos para outro lado, mais árvores, mais escolhas, mais caminhos... “O mais longo? Sim, vamos...” Não sei quanto andei nem interessa. Teria andado mais, só pelo caminho. Porque aqui, chegar não interessa.



















































É nestas viagens que temos noção que o cansaço é algo tão relativo como tantas outras coisas. Depois de 6 noites muito mal-dormidas e mais de 45 horas de autocarro, os meus olhos ainda abriam a cada local novo. As minhas pernas ainda respondiam aos apelos de procura. Uma semana única, diferente, especial, marcante por tudo o que vi e vivi de bom e de mau. Da crueldade de Sarajevo, à cidade mais turística da costa da Croácia, até a um Parque Nacional património mundial pela sua beleza, esta viagem teve de tudo. Até as bebidas compradas pelos camaradas do SOU na última de serviço para gastar os últimos tostões de kunas croatas!! Música cigana bem alto e garrafas de plástico que se partilham com risos e frases já emblemáticas: “Very nice, very good, CACHONDAAA pff pff pff pff... C´mon!!”. Escrevo-as aqui para mim. Porque um dia as vou querer lembrar... Chegamos a Liubliana perto da meia-noite. É 2ªfeira. Tenho a dizer que mais de metade do autocarro ainda foi para o Parlment continuar a festa. Eu não. Precisava de parar, chegar a casa, fechar os olhos e deixar-me levar pelas memórias ainda frescas daquela que foi a melhor viagem em Erasmus até agora. Balcãs? Muito mais ficou por ver. Quero mais. Tempo. Ali há tanto, tanto. Tanto mais...