Caros leitores. Venho pedir desculpa. Sim, deixei-vos sem relato. O tempo escapou-se entre as mãos e o pensamento. Estou em casa há 4 meses. Lisboa já não me é estranha. O vento já não sabe bem como soube nos primeiros tempos. Parece que nada aconteceu e que tudo está igual. Venho apenas dar-vos a conhecer como foram os meus últimos dias de Erasmus na Eslovénia. A saudade fez-me voltar a olhar para as fotografias (algumas porque são cerca de 6000...) e voltar a escrever sobre aquela que foi a experiência mais desafiante e diferente da minha vida.
O destino final, ainda em tempo de viagens no leste, foi Belgrado, capital da Sérvia e da Ex-Jugoslávia. Era um dos objectivos, que quase não se cumpria pois naquele mês Liubliana era já despovoada de alunos Erasmus. Acabei por ter a companhia da Ivana, do SOU, e melhor assim! Foi perfeito.
À chegada lembro-me do pânico de não conseguir processar qualquer informação escrita nas ruas devido ao alfabeto cirílico. Depois, o café turco. O que é que tem de diferente? Bem, é muito preto, sem creme, longo, e no fim tem uns bons 2cm de borras... Sabe bem mesmo assim. A Ivana só se ri do meu espanto, já que em Portugal tal coisa seria inadmissível! Seguimos até à casa de três estudantes onde iamos dormir as próximas noites. Uma delas amiga da Ivana, a Dragana.
Graças a esta companhia balcânica, posso dizer que conheci a Belgrado frequentada por estudantes. Os cafés, as discotecas, as tascas, as lojas... O dia seguinte quase parecia um dia de Julho em Lisboa. Fomos de manhã para uma piscinas, já que os 40º não nos permitiam qualquer tipo de mobilidade confortável no centro da cidade. O fim de tarde é passado numa esplanada na parte velha, o jantar é com amigos e vinho, e à noite, as discotecas/barco, que são estruturas flutuantes, fazem-se estremecer de techno e house music. Excelente ambiente e excelente companhia.
As conversas voam entre música, cultura e cinema. Política, guerra. Nato ou não Nato. Sim, isso mesmo. Meteram-se na brincadeira comigo... “You, NATO-countries, think that everything is so easy...!” Pessoas com tanto para contar. Tanto sobre o qual podem opinar.
No dia seguinte, eu e a Ivana seguimos para conhecer melhor o centro. Almoçamos Chepavtchichi (já nem me lembro como é que se escreve...) por 3€. À noite, eles dizem que me querem levar às ruas mais típicas onde há uns barzinhos e bom ambiente. Dizem-me que muitos turistas acham aquela zona exótica e exuberante. Mal passamos a esquina, dou comigo numa rua de calçada castanha, a subir, com casinhas pequenas e varandas cheias de flores. Em cada porta há uma tasca. A música sérvia/cigana ecoa nas paredes. Mas?? Estou em Alfama?? =) Nenhuma outra cidade se tinha mostrado tão parecida com Lisboa. Nas pessoas, nas conversas, no ritmo, nos hábitos, nas música. Parecia o bairro alto, as pessoas juntam-se para jantar e a meio da noite já todos dançam e cantam uns com os outros graças à Rakia que é a aguardente deles... Senti-me muito bem, mesmo. Adorei a cidade, apesar de parecer insegura e ainda fechada aos turistas. Belgrado, tem as suas razões para ser o que é. Como todas as outras cidades do mundo.
Os últimos 3 dias foram passados em despedidas. Em arrumações de bagagem e despachar por correio uns 14kg (sendo que depois no avião tinha ainda 16kg extra...). Despedir-me das pessoas, do rio, do castelo, das pontes, das ciclovias. Da residência em Vilharjieva, do SOU, do Mercator, do housekeeper, do Parlment, do Preseren, do KMS, da Lasko e da Union, da Mobitel, do Skelekton, de Metelkova, da Maria desaparecida, das outras biciletas, dos cupões!! Fui almoçar ao Joe Peñas com tudo a que tinha direito!! Despedir-me da Ivana, do Marin, da Ursa. Da Beate, do Nicolas e da Vanessa. Da Emilia, da Joanna. Da Aysegul. Do Rok e do Stefan. Do Martin e do Kevin. Do Andrew e do Joffrey. Do Ubald e da Charllote. Da Rita. Dele. E Dela.
Na última noite jantei com os portugueses resistentes (os Maiores!) na Ljubljanski Dvor, onde as pizzas são maiores que as mesas!! Seguimos um pouco para Metelkova para fazer tempo para o comboio que às 2h22 me levaria até Veneza. Despedidas finais, abraços que ficam e o pânico de levar toda a bagagem comigo.Um trolley gigante, uma mochila de campismo 60lt, outra mochila de 30lt e a minha mala enorme. Ao menos tive companhia! O Guimas!! Íamos no mesmo dia, mas depois os vôos eram diferentes. Bom assim.
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