A minha Maria

Como vos disse, comprei uma bicicleta no domingo passado. Chama-se Maria. Posso dizer que não é muito bonita, coitada. Os tons de verde com cor-de-rosa e branco não a favorecem. Fazem-me lembrar os fatos-de-treino dos anos 80. Penso que hei-de pintá-la. Não sei se o deva fazer porque quanto mais bonitinha for uma bicicleta, mais apetecível é de ser roubada. Aqui acontece todos os dias. A Margarida já teve duas, e foram roubadas. A Bea também comprou uma no mercado e 3 dias depois apareceu o dito dono verdadeiro a dizer que a queria de volta. Há sempre histórias, portanto quanto mais discreta e apararentemente velha melhor. Se a pintar será toda de preto, talvez com uma risquinha vermelha e depois escrevo Ax no pára-lamas. =) Sinto falta de conduzir. Pode ser que consiga ter um carro aqui por um dia. Veremos. Agora dedico-me à Maria. Uma amiguinho esloveno aqui da residência ajudou-me a afinar os travões e a encher os pneus. Está óptima e as mudanças funcionam na perfeição. Sim porque, apesar de gostar das “pasteleiras”, acho que não me conseguia habituar. As mudanças ajudam nos arranques depois do sinal vermelho, e a ganhar força quando não temos ninguém no nosso caminho. Em hora de ponta, tipo 16h, é o salve-se quem puder. Peões e bicicletas a atravessar a estrada, carros que não cedem passagem e toda uma complexa dinâmica de condução. Eheh, dá-me pica! ;) Só lhe falta um cestinho para a minha mala ou um ou outro saco, e uma campainha que afasta os peões dos caminho. O frio das noites já é aceitável. E durante o dia já andamos sem casaco. Se tiver coragem, deixo de comprar o passe. Mal o menos, num dia de mais chuva, pago 80 cêntimos no autocarro até à faculdade. E assim faço a minha vida de bicicleta!

Estou feliz com a minha compra. A minha alimentação aqui resume-se a pizzas, massas, mexicano, chinês, pão, leite, iogurte, queijo, fiambre e atum. Sim. Como mais sopas e saladas do que em Portugal, mas digamos que uma média de 4 pizzas por semana não ajuda. Por isso estou contente. Se em Portugal andava de Ax todos os dias, e andar a pé já era um custo, aqui ando muito mais a pé, e a partir de agora, de bicicleta!

Quem me conhece sabe que não sou pessoa de ficar em casa. Nem ver filmes, nem ler, nem beber chazinho, nem nada. Lol. Sabem que, regra base, só fico em casa à noite aos domingos. Ontem estava a casa a ver o tempo a passar.

Não, para mim estar em casa não dá! Agora tenho sempre a Maria para me fazer companhia. Está sempre à minha espera à porta de casa! Vamos lá dar uma volta ao centro, dar um olá ao Preseren, ao rio e às três pontes. Soube bem. Fez-me bem. A velocidade, e vento no cabelo. A escolha de uma caminho diferente todos os dias. A minha presada autonomia.